terça-feira, 24 de abril de 2012

When you love someone.


Ando nessas últimas semanas, experimentando aquele desapego forçado que nunca tive coragem de dizer pro coração; e sabe, devagar, dolorosamente, pareço conseguir. Ainda dói, e dói bem mais quando vejo na minha frente, simbolicamente, a indiferença de como tivéssemos sido nada, além de... nada. Nada. Que eu mereci, ou mereça ainda, mas quem sabe, num futuro distante ou num passado docemente lembrado. Um dia entenderemos as razões que não permitem a felicidade de duas pessoas que, aparentemente, se gostam tanto assim. Que seja. Amém para as decisões dos teus sentimentos, e para a dor e o esquecimento dos meus. Mais uma cicatriz para a quarentena das decepções do coração, pequena. E assim vais construindo a tua história e a tua armadura, moça, contra as dores do amor. Resiste um pouco mais, mas se entrega um pouco também. Só um pouquinho. Sempre te é permitido fraquejar. Desamar alguém não pode ser tão brusco quanto interromper o uso de uma droga em que és viciado. Causa efeito colateral. O coração endoidece mais do que quando tava só apaixonado. É pior. Deixa doer, escorrer, secar, parar de cair cada lágrima que Deus te permitir. Pára de carcomer o restinho do amor próprio e deixa aquela pelinha do dedo no lugar dela. Não é saudável. Bebe, mas bebe bastante. Fuma também, acaba com a frágil saúde que te resta. Garantias não há de ser bem pior que deixares o amor doente entrar de novo no frágil coração, Aí sim é perigoso.
E ama, mas só ama quando sentires bem o vazio daquela dor que o antigo deixou. Ama quando sentires que aquele vazio quer ser preenchido, não quando necessita só por causa da solidão. Não é porque fizeram teu coração de tapa buraco que tens de fazer o mesmo com os que se aproximam de te amar. Não são todos que podes amar, alguns pode até gostar. Mas saberás para sempre que, embora aquele te tenha partido em mil pedaços, foi e continuará sendo o que mais amou em toda a tua vida, ou apenas mais um grande engano. 

terça-feira, 10 de abril de 2012

Dia de chuva.


Hoje, ao passar em tua rua, sofrendo a chuva pesada em meu ombro machucado, olhei triste para os portões da casa onde moras, fiquei triste, pois. Não mais tanto por não poder entrar lá, mas porque lembrei-me momentos, instantes inúteis que pude desfrutar de tua ilustre presença, mesmo sem poder te tocar. Momentos que não voltam jamais, pensei. A cada passo que eu dava, mais lento para que as lembranças me penetrassem o fundo da alma e se eternizassem, mais triste e leve eu ficava. Os pingos da chuva me escorriam pelo rosto junto às lágrimas, a ponto de um alguém no meio da multidão perguntar-me se passava bem. Um desconhecido se importando comigo! Mais até que eu mesma.. eu precisava de amor próprio, mas a impaciência da paixão me cegava os instintos da razão e a única coisa que conseguia fazer era olhar para trás e chorar... depuraria um pouco de todas essas mágoas que se instalaram aqui pela nossa falta de entendimento mútuo. E palavras, e olhares, textos, emoções, tudo me vinha à mente perturbada junto à saudade que não sabia ser apenas de você ou de mim, ou mesmo daquele 'nós' falido, que hoje me traz a lembrança crua de uns instantes em que não sabia que fora feliz, e a mágoa de nossas mágoas que ninguém quer entender. A chuva me fez entender. Junto com ela se foram minhas lágrimas que começaram o processo de depuração que eu preciso. E tudo o que posso dizer é que nunca me viraram a cabeça de tal jeito para que agisse como criança, tal como fizera. Mas me doeria muito mais ficar olhando praquele amontoado de acusações insólitas e inocentes, sendo que a culpa toda é do destino que não nos reservou o tão sonhado encontro de almas para viver o amor. Não é preciso. Entreguei ao tempo, e é só.